Especialistas ouvidas pelo Globo avaliaram o vídeo entre os deputados federais Júlia Zanatta (PL-SC) e Márcio Jerry (PCdoB-MA) como um ato de violência política de gênero. Nesta quarta-feira, a parlamentar foi às redes para afirmar que o colega de Casa a teria assediado durante uma reunião da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, que recebeu o ministro da Justiça, Flávio Dino, nesta terça-feira. Jerry, no entanto, negou a acusação e disse que Zanatta teria congelado uma imagem no intuito de ferir sua honra.
Na análise de Hannah Maruci, doutoranda em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP) e codiretora d’A Tenda das Candidatas — organização que capacita lideranças femininas para a política —, a cena representa um claro ato de intimidação.
— É explicitamente um contato íntimo forçado e com o objetivo de intimidá-la. Eu entendo como violência política de gênero, com toda a certeza — afirmou a pesquisadora.
Já Juliet Matos, membro do Observatório Nacional da Mulher na Política da Câmara dos Deputados e coordenadora regional do Fórum de Mulheres de Partidos Políticos, não vê cunho sexual na cena, mas concorda que há ali uma tentativa de intimidação.
— Sinceramente, não consigo ver, através do vídeo, uma atitude de assédio sexual, mas foi uma atitude agressiva e até intimidadora. Realmente, não foi a melhor abordagem do mundo, não é aceitável dentro do Parlamento e dá para ver que ela (Zanatta) não ficou satisfeita — pontua.